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No ensejo da discussão sobre movimentos irredentistas de anexação, cabe destacar o desdobramento recente no caso do sequestro e assassinato de uma garota de 14 anos na Macedônia do Norte. Esta semana membros da rede de Dugin foram presos, apontados como autores do crime.
Vanja Gjorgjevska, de 14 anos, foi sequestrada a caminho da escola e encontrada morta dia 27 de Novembro em Skopje. As pistas levaram ao próprio pai da garota, que desejava extorquir a mãe da garota com o sequestro, e mais quatro cúmplices ligados a rede de extrema direita Treta.
O movimento Treta opera na Macedônia do Norte de forma similar a Nova Resistência no Brasil. É um movimento duginista que tem o seu próprio partido o Desna, cujos símbolos são a estrela do caos da Quarta Teoria Política, e a Korovat, a suástica eslava, com o sol macedônico.
Da rede duginista, Velibor Manev, segundo noticiários do país, já teria confessado o crime. O líder do Treta, Ljupco Palevski, fugiu para a Turquia mas acabou preso com um mandato da Interpol. Ele é um rico empresário que controla alguns meios de comunicação no país, que logo saíram em sua defesa. O Desna/Treta funciona como uma fachada “anti-sistêmica”, mas a operação de Dugin no país já possui um histórico anterior e sofisticado: contam com um partido mais respeitado, o Macedônia Unida, liderada por um amigo intimo de Dugin, Janko Bacev.
No referendo de 2018, para mudança do nome de Macedônia para Macedônia do Norte, ambos grupos participaram de manifestações desestabilizadoras no país contra a medida, portando bandeiras russas. A Macedônia tem uma longa história de briga irredentista com a Albânia e a Grécia, e Skopje é um polo de ação desestabilizadora dos grupos duginistas, onde o próprio Dugin já foi convidado por grupos neofascistas para palestrar.
Apesar desse ser um caso típico dos meios escusos pelo qual a rede de Dugin se financia mundo afora, ele também trás à tona, ainda que acidentalmente, o fato que sua rede opera em todos lugares onde há possibilidade de desestabilização política e guerra, especialmente no que tange disputas e incitação a narrativas irredentistas para anexação de territórios vizinhos.
E as operações de caos na Macedônia do Norte não se restringem aos partidos e grupos locais, mas incluem a rede “cultural” de desinformação regional da extrema direita. Aqui, Dugin numa entrevista para o lunático Milenko Nedelkovski, adepto das teorias terraplanistas e indiciado por propor assassinato político, perseguição de homossexuais e outras pautas criminosas, típicas da guerra cultural bannonista espalhada pelo mundo.
É necessário ficar cada vez mais atento aos desdobramentos e quem são os instigadores que agem aqui na América Latina, pois esses neofascistas atuam no campo da criminalidade absoluta.
Saiba mais:
- Matéria completa da revista macedônica Racin sobre o caso: https://racin.mk/analizi/bogobojazlivi-radikalni-desnichari-osomnicheni-za-dvojno-ubistvo-obedineti-vo-politichkata-partija-desna-so-stilizirana-vergina